Fala da Terra

GEOHISTÓRIA

Contando a história da Terra.

HISTÓRIA DO PLANETA TERRA 

Não poderíamos iniciar a história da Terra sem antes visitarmos, o que precedeu a sua formação.

ORIGEM DO SISTEMA SOLAR


Há 13.4 bilhões de anos as galáxias nada mais eram que nuvens de gás compostas principalmente por hidrogênio. Essas nuvens não eram igualmente distribuídas pelo espaço e localmente havia maior concentração de matéria. Quanto mais matéria, maiores os efeitos de atração gravitacional. Sob temperaturas superiores a 4.4 milhões Celsius os núcleos de átomos de hidrogênio começaram a se fundir formando o elemento hélio. Formaram-se, portanto, as primeiras estrelas, esses gigantescos corpos celestes compostos primordialmente por hidrogênio e hélio.

Nas estrelas processam-se poderosas reações termonucleares capazes de formar outros átomos. É possível dizer que as estrelas são verdadeiras fábricas de elementos. Hidrogênio se funde em hélio, hélio em lítio e uma série de elementos leves formam-se nas estrelas, entre eles carbono, nitrogênio e ferro. Contudo, no interior das estrelas não há energia suficiente para formar elementos mais pesados tais como ouro, cobre, urânio e uma série de outros que encontramos na Terra e em outros planetas. As supernovas, a morte de uma estrela por uma gigantesca explosão, têm energia suficiente para gerar, por fusão nuclear, os elementos mais pesados e delas surgiram os núcleos atômicos pesados.

O universo passou a experimentar este ciclo de aglutinação de matéria e elementos, formação de estrelas e morte destas, aumentando a disponibilidade de elementos pesados a cada período de bilhões de anos. Há 4.6 bilhões de anos, em um ciclo de aglutinação de gás poeira e outros elementos, formou-se o nosso Sol que aglomerou 99% de toda a matéria do que viria a ser o sistema solar. O pequeno percentual de matéria circunscrevendo o Sol era abundante o suficiente para, através da gravidade, formar os planetas. A Terra constitui o terceiro proto-planeta a partir do Sol.

EVOLUÇÃO DA TERRA

O proto-planeta Terra foi formado por um aglomerado de poeira, adensado pelo efeito da gravidade (Figura 1). Neste período o planeta era inóspito, sujeito a altas temperaturas, e com uma dinâmica que lhe proporcionava tão rápida rotação que, um dia durava apenas 6 horas. O material que compunha este aglomerado começou a se diferenciar em função da gravidade. Os compostos mais densos, ricos em ferro e níquel, migraram para o interior e as parcelas mais leves ocuparam as posições mais externas.

 

 

Figura 1: Idealização do planeta Terra na sua infância (modificado da produção "History of the World in two hours", 2011 do History Channel)

 

Por volta de 4.5 bilhões de anos um corpo celeste com as dimensões de Marte colidiu com o proto-planeta Terra. A Terra absorveu boa parte do material da colisão, mas os fragmentos em fusão produto deste choque foram arremessados ao espaço. O campo gravitacional terrestre capturou estes fragmentos que, em translação em torno da Terra, se aglomerou no que viria a se tornar a Lua. O efeito da gravidade lunar proporcionou gradativa redução da velocidade de rotação da Terra e estabilizou o eixo terrestre.

  

 Figura 2: Idealização da superfície da Terra a 4.4 bilhões de anos (modificado da produção "History of the World in two hours", 2011 do History Channel)

 

Há 4.4 bilhões de anos a superfície terrestre era extremamente quente (Figura 2). A água não existia em estado líquido, somente sob a forma de vapor. Paralelamente ao resfriamento do planeta, a água na atmosfera se condensava e caía na superfície sob a forma de chuva. Por milhões de anos este processo se desenvolveu até que, com a superfície mais fria, foi possível a acumulação de água em estado líquido. Primeiramente em pequenas poças, lagos até que surgiram os oceanos por volta de 3.8 bilhões de anos.

 

Os compostos presentes neste oceano primitivo, ricos em C, H, O e N, combinaram-se e os primeiros núcleos complexos de DNA foram formados dando origem à vida na Terra. Os primeiros habitantes terrestres foram as bactérias. Por volta de 2.5 bilhões de anos surgiram novos tipos de bactérias que eram capazes de extrair a energia do Sol para sobreviver. Neste processo estes novos organismos consumiam a energia luminosa e segregavam oxigênio.

 

Os oceanos possuíam partículas de ferro em suspensão. O oxigênio produzido pelos micro-organismos combinado com o ferro precipitaram no fundo dos mares sob a forma de óxidos, dando origem à espessos pacotes sedimentares químicos. Muitas das jazidas de ferro, formações ferríferas bandadas, exploradas atualmente têm esta origem. Acredita-se que os depósito de ferro de Carajás (PA) e do Quadrilátero Ferrífero (MG), rochas com idades iguais ou superiores a 2.0 bilhões de anos, da era Proterozóica, têm esta origem (Figura 3).




Figura 3: Depósitos de ferro no Brasil representado pelos círculos verdes. Carajás ao norte e o Quadrilátero Ferrífero estão destacados pelas setas azuis.

 

Após a combinação de grande parte do ferro disponível nos oceanos com o oxigênio produzido pelas bactérias, o oxigênio livre aumentou sua concentração também na atmosfera em formação. Surgiram novos micro-organismos capazes de extrair energia de forma mais eficiente através do oxigênio que, a partir de então, se tornaram mais abundantes.

 

Os organismos evoluiram e tornaram-se cada vez mais complexos. No período cambriano, iniciado a 550 milhões de anos atrás, a Terra presenciou verdadeira explosão de vida, inicialmente nos oceanos. Foi o início da Era Paleozóica. Surgem os seres multi-celulares e a vida tomou diversas formas, entre elas, esponjas, crinóides, braquiópodos, trilobitas, corais, estrelas do mar e, por volta de 500 milhões de anos os primeiros peixes ósseos (Figura 4).

 

 

Figura 4: Idealização com as formas de vida ordoviciana (modificado da produção "History of the World in two hours", 2011 do History Channel)

 

A abundante concentração de oxigênio na atmosfera permitiu a formação da camada de ozônio, protegendo as regiões terrestres dos letais raios ultra-violetas. Este fato tornou o ambiente terrestre passível de colonização. Surgiram então os primeiros vegetais. Ainda no Paleozóico, por volta de 400 milhões de anos surgiram os primeiros anfíbios, seres capazes de viver na água e no novo e habitável ambiente terrestre.

 

Por volta de 300 milhões de anos, ainda na era Paleozóica, os insetos e répteis somaram-se aos novos colonizadores no meio terrestre. O ambientre terrestre era dominado por alagados e pântanos. Alguns dos depósitos de carvão encontrados no mundo tem sua origem neste período, que é chamado de Carbonífero.

 

No final da era Paleozóica, por volta de 250 milhões de anos, a Terra experimentou intensa atividade vulcânica gerando gigantescos volumes de gases, entre eles o gás-carbônico, para a atmosfera. Estima-se que cerca de 70% da vida em terra e no mar tenha morrido na chamada extinção Permiana, o último período da Era Paleozóica.

 

No Mesozóico, surgiu novo período propício à proliferação da vida novamente. Os répteis evoluiram para os grandes dinossauros atingindo o seu apogeu no Jurássico, a paritr de 180 milhões de anos atrás. Florestas reapareceram com vegetais superiores e a vida se multiplicou. Em algum ponto da segunda metade do Mesozóico, surgiram os primeiros mamíferos. Neste período os continentes estavam todos agrupados em uma massa de terra aproximadamente contínua chamada Pangea (Figura 5), que começou a se separar em diversas partes.

 

 

 

Figura 5: Evolução do planeta entre o Jurássico e o presente (modificado de Skinner e Porter, 1987)

 

Há 60 milhões de anos um asteróide com cerca de 60 milhas de diâmetro se chocou com a Terra. Os efeitos deste impacto, entre eles o bloqueio da luz solar pela nuvem de partículas e as mudanças climáticas associadas, causaram a extinção em massa dos dinossauros.

 

Os mamíferos formados nos períodos anteriores se multiplicaram e floresceram em novo período favorável a expansão da vida. Pode-se afirmar que a expansão do Atlântico Sul coincide com a fase de diversificação dos mamíferos. Na era Cenozóica, sempre devido à tectônica de placas, formaram-se as grandes cadeias de montanha tais como o Himalaia e os Andes.

 

Nesta longa história o homem é um detalhe surgido não antes dos últimos 200 mil anos.


O planeta Terra prossegue em sua evolução. Internamente ele obedece uma dinâmica na qual a maior energia dos níveis mais profundos é transferida para superfície proporcionando o mecanismo motriz da tectônica de placas, e causando a progressiva diferenciação do planeta. Assim, compostos mais pesados são levados para o interior e os mais leves são carreados para as regiões mais superficiais. Ao mesmo tempo, a Terra experimenta influências externas de outros astros, seja através do campo gravitacional, através das ondas eletromagnéticas emanadas pelo Sol, e eventualmente sofrendo colisões com corpos celestes que estão viajando pelo espaço e cuja rota concorre com a da Terra ao mesmo tempo em um mesmo ponto.

A ESCALA DE TEMPO GEOLÓGICO



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